" Gente é pra brilhar, não pra morrer de fumaça !"
"Crâne à la Cigarette"
Pintura de Vincent Van Gogh 1885
Clique aqui para acessar a versão ampliada desta pintura
É, parece difícil de acreditar. Num trocinho branco que queima, temos a possibilidade de entrar em contato com mais de 4.700 substâncias. E, o pior, a cada dia que passa descobrem-se mais elementos tóxicos adicionados ao fumo, que entram em contato com as nossas entranhas, sejamos fumantes ativos ou passivos (e, há estudos que já falam em mais de seis mil substâncias).
Cito aqui, para falar destas entranhas, um pequeno exemplo desta intimidade, num informe do Hospital Infantil de Toronto (Canadá) : foram encontrados resíduos de nicotina e cotinina em fios de cabelos de 23 bebês cujas mães não consumiram tabaco, mas respiraram a fumaça dos maridos ou colegas de trabalho, durante a gravidez. Os bebezões só tinham entre 1 e 3 dias de nascidos, quando foram tirados uns bocadinhos de cabelo. As mães aspiraram uma fumaça que não era delas e a nicotina chegou até a pontinha dos cabelos dos filhos que ainda estavam dentro de suas barrigas.
Aliás, por falar em cabelos, saibam que estudos recentes realizados na Inglaterra, em Lancashire, constatam que o fumo contribui, tanto para que os cabelos fiquem brancos, quanto para um maior aparecimento de calvície, os populares "carecas, poucas telhas, aeroporto de mosquitos, etc".
Destas milhares de substâncias inaladas, não há referência a que qualquer delas possa fazer bem à saúde, apesar do que poderíamos pensar, desavisadamente, assistindo a um comercial de cigarros. E olhem que são próximo de cinco mil substâncias. Pela beleza dos anúncios, seria de se esperar que pelo menos algumas tivessem uma propriedade especial, mágica mesmo. Talvez, seja porque a ciência ainda não tenha evoluído em suas pesquisas. Quem sabe não seremos surpreendidos em breve com a notícia de que após sucessivos ensaios chegou-se à descoberta revolucionária das propriedades de um determinado componente?
Por enquanto, no atraso científico em que ainda nos encontramos, todas as misturas provocadas pelo ato de fumar tem se revelado péssimas para a saúde.
Venha para o mundo de Marlboro
Imaginem, bem atentamente, a situação escolhida "livremente" pelo futuro fumante. Ele decide inalar dia após dia, ano após ano, década após década, milhares de substâncias ruins para a sua saúde (e ainda paga por isso). Ele decide enfiar goela abaixo, até a ponta dos fios do cabelo, como vimos, substâncias que vão lhe diminuir o fôlego, estreitar suas artérias e veias, trazer-lhe o câncer, um buraco no estômago ou torná-lo banguela.
É o único dos animais terráqueos a tomar uma iniciativa deste porte, uma auto-poluição sem precedentes. O avô da minha amiga Iara, sempre que a vê fumando, comenta que todas as chaminés que ele conhece colocam fumaça para fora, que jamais viu chaminé por fumaça pra dentro, como a neta. A poluição existente em uma cidade industrial em pleno funcionamento é café pequeno, se comparada à poluição tabágica.
Isto está próximo a uma tentativa lenta de suicídio ou, então, a valentia do psicopata que, desarmado, desafia um exército. Nossa força está em nosso pensamento, é inútil crermos poder enfrentar tamanha agressão química sem causar graves danos a nós mesmos e aos que nos rodeiam. Somos frágeis, nos queimamos com fósforos (e, dói para caramba), nosso pensamento, nossas decisões, é que podem ser fortes. Dependendo de nosso equilíbrio interior e da quantidade de conhecimento armazenado.
-
Já foram identificadas mais de 60 substâncias cancerígenas participantes deste processo. E v. sabem qual o câncer que mais mata os homens? É claro, o câncer de pulmão! Lá, para onde a fumaça vai diretinho, sem escalas. Em algumas regiões do planeta, nos países do primeiro mundo, o câncer de pulmão já tornou-se o primeiro câncer a matar mais também nas mulheres.
Os homens assumiram a liderança porque fumam, em escala industrial, desde a Primeira Guerra Mundial. As mulheres só agora estão morrendo de câncer de pulmão, porque começaram a fumar em grande escala só a partir da Segunda Grande Guerra. Estas informações não aparecem nos belos anúncios de cigarros. Já pensaram, se as campanhas fossem dizer a verdade: "gatona, fume o da nossa marca, você terá o seu câncer de pulmão igualzinho a um homem!!" Imaginem uma cena com uma mulher do tipo avançada, de vanguarda, protestando: "abaixo estes machos opressores, queremos ter o direito de ter nosso câncer de pulmão igual ao deles". Ou, então, mostrassem um paciente indo para a sala de cirurgia operar um câncer de pulmão, dessem um close nele dizendo: "tenha seu câncer também, para alguma coisa termos em comum". Poderia, ainda, ser outro paciente com um catéter de oxigênio no nariz: "percebes a minha decisão inteligente de fumar". Não, é óbvio que estas cenas nunca serão mostradas.
Vocês podem pensar "...como este mané é exagerado !" Posso garantir que não estou sendo. Cito aqui dois exemplos para que vocês entendam porque insisto em que a fumaça do cigarro pode ser assassina: Wayne McLaren e David McLean morreram de Câncer de Pulmão, em 1992 e 1995. Vocês sabem qual a profissão deles? Modelos. Os dois foram, em momentos diferentes, os cowboys dos anúncios dos cigarros Marlboro. "Os homens se encontram na Terra de Marlboro". A viúva de David, Lilo McLean, entrou com processo na justiça contra a companhia de cigarros que encomendava as propagandas. No processo, alega que para que uma tomada do filme ficasse boa, eram necessários vários dias de filmagem, obrigando seu marido a fumar 3 a 4 maços de cigarro por trabalho, para que o diretor do comercial achasse a melhor posição da fumaça. Cruelmente, David e Wayne se encontram (precocemente) em baixo da terra, e não na de Marlboro.
Wayne McLaren, em dois momentos: modelo dos cigarros Marlboro e morrendo por Câncer de Pulmão. Sempre que penso nestas duas fotos, eu fico irado contra o fumo.
Tomo a liberdade de trocar fome por fumaça, em uma frase do compositor Caetano Veloso (de quem sou tiete assumido):
" Gente é pra brilhar, não pra morrer de fumaça !".
Um tumor invadindo e obstruindo a traquéia, restando uma passagem mínima para o ar. Um sufoco totalmente desnecessário, sofrimento causado pelo maior encurtador de vida conhecido, o TABACO.
Reproduzo aqui, dados que recebi da Sociedade Americana do Câncer (American Cancer Society), que impressionam a quem lida com o combate ao tabagismo mas, que ao mesmo tempo, nos estimulam a lutar, ainda com mais vontade, pois, é o que nos espera, no Brasil, se não nos mobilizarmos rápido: estimativa de americanos mortos por Câncer de pulmão nos Estados Unidos, em 1997: 94.400 homens e 66.000 mulheres. Portanto, estima-se que 160.400 pessoas morreram deste tipo de câncer, apenas em um país, em 1997, sendo que o tumor de pulmão está na liderança das mortes tanto entre os homens quanto entre as mulheres. O mesmo relatório informou que o Câncer de pulmão já representa o segundo tipo de tumor mais diagnosticado nos EUA, ficando atrás apenas do de mama entre as mulheres e, o de próstata entre os homens.
Não tenho dúvidas do quanto deve ser difícil para vocês se interessarem por estes temas que estamos tocando agora, falando de doenças, canceres e buracos no estômago. Jovens, vigorosos e com interesses tão distantes disto. Confesso que não sei como me colocar melhor do que estou tentando fazer. Peço apenas, para vocês não encararem estas mensagens como tentativas de repressão. Todos que lidamos com a idéia do "não começar a fumar", sabemos do perigo que é o entendimento errado da mensagem. Afinal, todos fomos adolescentes, nunca é demais lembrar. Contudo, que fique também claro que vocês adolescentes não devem absolutamente nada aos que patrocinam seus festivais de Rock ou de Jazz. Não devem nada mesmo. Isto para eles é só uma forma de angariar a simpatia e mascarar a essência. O produto que eles querem vender para vocês tem mais de quatro mil substâncias tóxicas. É disto e só disto, que se trata! Todos nós, conscientemente ou não, sabemos que o cigarro faz mal à saúde. Eles não querem muito, só querem que vocês provem. O resto, o tempo e a nicotina se incumbem. As indústrias de cigarro ganham muito dinheiro em troca do investimento. Não se sintam devedores em hipótese alguma! Cuidem de vocês, porque vocês acham que devam se cuidar, não porque eu, seus pais, professores ou, quaisquer outros dinossauros, possamos estar sugerindo. Reúnam-se e discutam este assunto entre vocês, sem preconceitos.
Bom, voltando às danadas das substâncias, como são milhares, têm para todos os efeitos. E, como passeiam por todo o organismo, podem atingir desde os olhos, provocando a cegueira por catarata ou por alteração da retina e, até a bexiga, provocando câncer. Gastrite, úlcera de estômago ou do intestino, câncer do rim e do pâncreas, são doenças, hoje em dia, claramente associadas ao tabagismo. Como o trajeto é direto, até chegar aos alvéolos, câncer da boca e do laringe são figuras clássicas em qualquer estudo. Câncer de esôfago e do colo do útero, idem.
O enfisema pulmonar e a bronquite crônica levam o indivíduo a progressivamente ficar inválido, totalmente dependente de auxílio de parentes e amigos, para as mais elementares atividades como, por exemplo, pentear o cabelo ou fazer cocô. Não pensem que estou exagerando, pois, lido com isto diariamente. A publicidade do cigarro nunca mostra estas cenas, claro. A partir de um certo momento, a permanência em hospitais passa a ser de uma frequência assustadora.
Após um determinado período de intoxicação, é comum detectarmos várias doenças associadas no fumante. Por exemplo, ao se diagnosticar um Câncer de pulmão, os exames também mostram que o paciente está com Enfisema pulmonar. Muitas vezes, o segundo diagnóstico impede o tratamento do primeiro, i.e., não pode operar o Câncer do pulmão (que é um dos tratamentos para esta doença), porque não tem capacidade respiratória suficiente, por causa do Enfisema. Isto se aplica a várias situações entre as doenças relacionadas com o fumo. A pessoa tem um Infarto do coração, trata-o, faz "ponte de safena" e depois aparece com um Câncer de bexiga ...
© Kamil Yavuz, Cartunista - Istambul, Turquia
Estes milhares de substâncias podem aparecer pelas mais diversas causas. Podem ser agrotóxicos usados na lavoura do fumo, podem ser inseticidas usados para proteger as folhas, podem se desenvolver durante a própria queima do fumo do cigarro ou do papel que o envolve. Esta queima se dá entre 800 a 1200 graus celsius, temperatura da brasa da ponta do cigarro. A tal temperatura inúmeras substâncias se combinam, desencadeando o surgimento de novas substâncias (por pirólise ou pirossíntese), antes inexistentes na fumaça.
Para combater a idéia de que o fumo era um perigo, após os estudos sobre a associação fumo-câncer de pulmão, divulgados em torno de 1950, para não perder clientes, a indústria de cigarros lançou os filtros, os cigarros com filtro. Em 1950, menos de 1% dos cigarros tinham filtro. Já em 1960, mais da metade deles era produzida com os filtros. Sabe-se hoje, que a existência dos filtros não diminuiu o número de mortes pelo tabagismo, ao contrário, apesar da redução do alcatrão, aumentou a mortalidade pelas doenças do coração e cérebro, pelo incremento em 30% do teor de monóxido de carbono na fumaça. Além disso, fibras do filtro (acetato de celulose) são aspiradas pelo fumante, com repercussão ainda pouco estudada.
Jornal do Brasil, 18 / fev / 2002.
A intoxicação por pesticidas usados na lavoura do fumo está deixando os trabalhadores brasileiros doentes. Portanto, as substâncias do tabaco já estão fazendo mal às pessoas mesmo antes de virarem cigarros, cigarrilhas e charutos.
Processo de secagem das folhas de tabaco. "Hiroshima em nossa casa"
ilustração de Kamil Yavuz ©- TurquiaJá foi demonstrada a presença de Urânio, Tório, Polônio-210, Potássio-40, Bismuto-212, Bismuto-214, Chumbo-212, Chumbo-214, Césio-134, Césio-137, Acroleína-228 e Plutônio, substâncias radioativas, na fumaça dos cigarros.
A quantidade equivale, para um fumante médio, a ter feito 350 radiografias por ano, ou seja, é como se o fumante tivesse se exposto ao Raio X, 350 vezes.Era comum, no retorno de um paciente para quem solicitávamos tomografias simples, exame utilizado antigamente para esclarecer um câncer de pulmão, ouvir a sua reclamação por ter se submetido a umas dez ou doze radiografias. Não sabendo ele que, dos seus 10, 20, 30 anos de fumante, foi como se tivesse feito 350 em cada ano.
Uma das substâncias cancerígenas mais conhecidas e temidas até pouco tempo era o Benzopireno. Perto da capacidade destas substâncias radioativas, o benzopireno é brincadeira de criança (da Família Adams, é claro).
Universidade Stanford, EUA
Pesquisa aponta que existem vários fatores para alguém alcançar os 65 anos de idade. O principal deles é o seu estilo de vida. Consumir tabaco é um imenso obstáculo para alcançar-se esse objetivo.
O físico nuclear, do Instituto de Física da Universidade de São Paulo, João Arruda Neto, após publicar e divulgar seus testes de radioatividade em várias marcas de cigarros nacionais, declarou à imprensa: "eu fiz a minha parte, agora lavo as mãos. O mínimo que posso esperar é que a venda de cigarros seja interrompida e que o produto seja submetido a maiores estudos".
Na visão da artista plástica Mônica Barki, o fumo é considerado o monstro da figura acima.
E, enquanto tem gente sensível tendo esta visão do problema, uma multidão de interessados em faturar muito dindinmoneymoneymoneymoney faz de tudo para convencer mais e mais pessoas de que fumar é muito legal. Na Espanha, por exemplo, todos os grandes prêmios de motovelocidade têm o nome de Grande Prêmio Marlboro, seja na Catalunha, em Jerez ou em Valência...
A publicidade de tabaco para os jovens faz o monstro parecer amigo.
Creio que só haja duas coisas infinitas: o cosmos e a estupidez humana. Quanto ao cosmos, eu ainda tenho alguma dúvida.
Citação de Albert Einstein, repassada pelo epidemiologista Guido Palmeira
Uma das principais razões para o tabagismo ser a mais importante doença no mundo atual, deve-se ao fato de existir grupos poderosos interessados em produzir e vender tabaco. E, para isto, contam com o prestimoso auxílio de legiões de publicitários, sempre, e cada vez mais, criativos.
Os micróbios que causam as doenças infecciosas, que assolam principalmente os países em desenvolvimento, não recebem ajuda especializada em marketing, vendas, propaganda, antropologia, psicologia, sociologia, etc. Eles têm de se virar sozinhos, contando apenas com as más condições de saúde e de educação das populações destes países. O tabaco, entretanto, para exercer a cada dia mais de seu cartel de maldades, precisa de muita ajuda externa.
As campanhas publicitárias tem como base o desejo. As mensagens são quase sempre com algo que gostaríamos de ter ou ser e os publicitários tentam fazer com que o produto que eles queiram vender passe a impressão de que uma vez possuíndo-o, o sonho tornar-se-á realidade. Os anúncios de cigarro não querem convencer vocês de que fumar é bom, para isto utilizando-se de argumentos racionais. Os publicitários querem sim persuadí-los, fazer com que vocês passem a querer fumar sem uma clara percepção do porquê.
Por exemplo, os homens, em sua tradicional vocação para aumentar a espécie, gostariam de ter uma companhia feminina para esta tarefa. De preferência, uma companhia feminina de parar o trânsito, linda como ela só. O que as imagens do tabaco passaram por décadas: "fumem o nosso cigarrinho e vocês ficam poderosos". Como podiam fazer isso? Colocavam uma mulherzona lindaça acendendo o cigarro do otário, de preferência, fazendo beicinho.
No início do século 20, o objetivo da indústria tabagista era vender cigarros apenas para o homem. Portanto, a imagem da mulher era utilizada exclusivamente por ser o maior objeto do desejo masculino.
Lembrem-se que, naquela época, não havia televisão, nem outdoors, nem reloginhos de rua que marcam hora e temperatura. Além de algumas poucas revistas e jornais, os próprios maços de cigarro eram o grande chamariz. Eis aqui, alguns exemplos da criatividade do pessoal de marketing do início do século passado:
Cigarros Dalila
Deve ter sido o maior furor da época. A Dalila completamente nua, quando as mulheres ainda iam à praia vestidas. Coberta apenas por um tecido transparente, fumando com a mãozinha direita.
Cigarros Salomé
Morena de grandes olhos negros e os lábios pintados em forma de coração. 1918.
Cigarros Primavera
Mulher voando nua, a libélula envolta por tecido transparente.
Cigarros La Pavlova
Homenagem a uma bailarina russa, Ana Pavlova.
Cigarros Elite
Extrapola, coloca duas mulheres, uma menáge à trois (incluindo o fumante). Está escrito que "era o cigarro preferido dos salões da sociedade".
Cigarros Flirt
Mulher sob ventania, com as roupas tremulando e uma "sombrinha" à mão. Olha com o rabo do olho, com ares de desprotegida. Década de 20.
Cigarros Favoritos
Mulher solitária dirigindo um imenso carro vermelho conversível, dois sonhos masculinos. Década de 20.
Cigarros Yolanda
Louraça de sombrancelhas negras, faz biquinho. Diz-se que era conhecida como a "loura infernal".
Cigarros Marly
Mulher estilo cigana, com olhos entreabertos e colo exuberante.
Cigarros Eldorado
Mulher do campo. Levanta displicentemente a saia do seu vestido vermelho, com o fungar do bichano sobre sua perseguida. Anos 40.
Ainda na fase _ "cigarro é coisa de homem" _ , temos os cigarros Columbia, os primeiros maços embalados em papel celofane e os mais caros do mercado da época. O desenho no maço era um navio de guerra com canhões, singrando um mar revolto. Havia também os cigarros Jockey Club e Turfe Club, explorando a paixão que muitos tinham pelas corridas de cavalo. Já os maços de cigarros Fulgor tinham até cheques de cinquenta mil réis dentro de maços, para alguns sortudos. Existia uns maços artesanais que podiam vir com o nome do fumante estilizado, eram maços personalizados. Ah! Ia me esquecendo dos cigarros Veado, com o desenho do animal estampado.
Bom, esta forma de atrair o incauto, usando estas imagens femininas e outras que atraiam o universo masculino, foi pouco a pouco se modificando. Uma vez que, a partir de determinado momento, especialmente no pós segunda guerra mundial, as mulheres passavam a interessar às indústrias do fumo, não mais apenas como inspiração para as vendas, mas como consumidoras, logo no início dos anos 50. Passado o nervoso da guerra, mundo novo, novas e grandes mudanças nos costumes, etc.
A partir do início dos anos 50, começaram a chegar ao Brasil os cigarros importados, sendo o primeiro deles o Camel (com a figura do camelo), vindo logo após o Chesterfield e o Pall Mall. Aliás, o mercado de cigarros brasileiro foi perdendo a sua identificação com a língua natal, a portuguesa, passando a adotar a da nave mãe. Certamente, passaram a achar ridícula a possibilidade de manter-se denominações tão terceiromundistas como Favoritos, Elite, Salomé ou Veado. Quando eu tirei a minha carteira de motorista, o local que a gente levava o carro para trocar o óleo do motor chamava-se "Troca de óleo". Agora, os postos modernosos têm um setor denominado "Technical Oil Change Center". Dando um salto para os dias atuais, a mudança já começa na apresentação do tipo de cigarro: slims, ultralights, low tar, one, box, flip top, etc. Para compensar a pobreza dos Delícias de Cuba e Columbias da vida, criaram: Charm, Carlton, Free, Hollywood, Ritz, Hilton, Plaza, Derby, Minister, Belmont, Chanceller, Galaxy, Parliament, Dallas, Capri, Palace, Lark, Mustang, etc. Provavelmente, graças à essa justa preocupação, hoje somos um país que pronuncia bem Grammy, Oscar, MTV, McDonald's, beach soccer, delivery, download, reply, double-cheese ou, pasmem, George W. Bush.
Voltemos, ora pois pois, à nova fase _ "cigarro é coisa para mulher e para homem". Os anúncios passavam a destacar a presença de homens em situações de extrema virilidade veladas ou explícitas, exemplarmente demonstrada nos anúncios dos cigarros Marlboro, com aquele final apoteótico que dizia "Terra de Marlboro, onde os homens se reúnem". Este tipo de mensagem atinge o inconsciente tanto masculino quanto feminino da época. Os homens se ligavam no macho por se identificarem com ele, quererem ser como ele, e, as mulheres, por desejarem tamanha manifestação de masculinidade, para protegê-las e gerarem crias fortes e saudáveis. Nos nossos imaginários, se fumasse tal marca se tornaria um herói corajoso e belo e, no caso das mulheres, fumar aquela marca certamente lhe garantiria um companheiro com aquelas características.
Sempre me inquietei com a imensa quantidade de cavalos dos filmes e fotos das propagandas do cigarro Marlboro. Tudo bem, que o império da vez, aquele que está ditando as regras, é o americano. Quem melhor representa o homem americano que o cavaleiro_cowboy? Mesmo assim, achava que era cavalo demais. Os anúncios, eram para vender cigarros e não impor o american way of life... Um dia, resolvi abrir meu dicionário de símbolos, vício de meu tempo de médico homeopata unicista, e procurei o que lá havia sobre cavalo. Talvez tenha encontrado o motivo para a turma da publicidade do Marlborão colocar tanta imagem eqüina _ o cavalo representa, nada mais, nada menos do que:
A IMPETUOSIDADE DO DESEJO.
A cavalaria vai em direção aos maços de Marlboro, mantendo sempre cavalos disponíveis para vocês, adolescentes...
Ferrari, 2003
Portanto, o cigarro mais vendido do mundo, produzido pela maior indústria tabagista do mundo (Phillip Morris), quer fazer-se desejável e usa o próprio símbolo do desejo para influenciá-los, bem lá no fundinho do inconsciente de vocês.
AFP - 17/06/2001
Hélio Castro Neves, vencedor do GP de Detroit (USA) de Fórmula Indy, pilotando carro com centenas de cavalos, comemora enrolado com a bandeira brasileira, expõe o troféu de vencedor, porém, não esquece de deixar visível a logomarca do patrocinador. Assim, ao invés de associarmos o fumo à imagem de um veneno, que mata, associamos, de forma totalmente equivocada, o fumante à imagem de um vencedor.
AFP
Yamaha, 2004
Valentino 'Gauloises' Rossi, o maior piloto de motovelocidade do mundo, vendendo os cigarros franceses Gauloises
Honda, 2005
Alexandre 'Camel' Barros vence o Grande Prêmio do Estoril (17/04/05) divulgando o matador de gente Camel
Ilustração de Ziraldo (Brasil) - Campanha do Ministério da Saúde
A evolução dos tempos, com as correspondentes mudanças nos mais variados campos do conhecimento humano, foram sofisticando a agudeza do publicitário em estar em sintonia perfeita com os desejos, ocultos ou não, da massa das pessoas. A grosso modo os desejos não se alteraram muito, apesar do correr do século. Carros bonitos, mulheres bonitas (já agora acompanhadas de homens igualmente bonitos), ambientes luxuosos, etc.
Os anos setenta trouxeram uma tendência mais clara no Brasil, a de atingir-se um público mais jovem, com campanhas de grande apelo para a audácia, a coragem e as vitórias esportivas.
Vocês, adolescentes de hoje, não vivenciaram as memoráveis vitórias de Emerson Fittipaldi, pilotando uma Lótus preta, cor do maço dos cigarros John Player Special, sendo o primeiro campeão de Fórmula I brasileiro; aliás por falar no Emerson, li outro dia no jornal O Globo que, além de ser o produtor de laranja que é, quer tornar-se importador de charutos (!!).
Emerson Fitipaldi
A Lotus preta_ cigarros John Player Special (JPS)
Durante algum tempo, o nosso segundo campeão mundial de Fórmula-1, Nelson Piquet, também pilotou uma Lotus, só que amarela, já que o patrocinador mudara. Passara a ser o cigarro Camel. Para a escuderia Lotus, pouco importava ter uma tradição na cor de seus carros, quem mandava era a indústria de cigarro e estávamos conversados... Nelson Piquet ainda participou, anos depois de abandonar a F-1, das "24 horas de Le Mans", com a marca Hollywood no peito, assim como Maurício Gugelmin e Gualter Salles na Fórmula Indy voaram baixo sob o mesmo patrocínio.
Nelson Piquet
A Lotus amarela_ cigarros Camel
Este filão das provas de velocidade, continua sendo explorado até os dias atuais. O circo da Fórmula I, assim chamado por correr os quatro cantos do mundo tal qual os grandes circos internacionais, tem nos fabricantes de cigarros seu principal patrocinador. Um de nossos mais completos pilotos da história, Ayrton Senna, foi tricampeão de Fórmula I, pilotando carros patrocinados pelos cigarros Marlboro, aliás os mesmos que patrocivam Emerson Fittipaldi na Fórmula Indy, campeonato ainda restrito aos EUA, Canadá e Austália e Brasil, mas que vem crescendo bastante. A Philip Morris, fábrica dos Marlboros, já patrocinou ( ou ainda o faz ) Senna, Emerson , Raul Boesel, Rubens Barrichelo e André Ribeiro, Hélio Castro-Neves e Gil de Ferran. Em Setembro de 97, o piloto Tony Kanaan ganhou o título da Fórmula Indy Lights, com o mesmo patrocínio. Isto, sem contar com o apoio ao Alexandre Barros, nosso campeão de motociclismo.
O campeão Ayrton Senna corria com os carros da escuderia Williams, a sua última equipe, em 1994, patrocinados pelos cigarros Rothmans e tinha grandes chances de tornar-se tetracampeão mundial, divulgando mundo afora mais uma marca de cigarros.
Ayrton Senna
levou as imagens dos cigarros Camel, Marlboro e Rothmans pelos quatro cantos do mundo, a bordo de Lotus, McLarens e Williams
No ano 2000, a participação do piloto Rubens Barrichelo, no comando de uma Ferrari, seguramente encheu o Brasil com imagens dos cigarros Malboro. Parecia haver surgido o substituto do Senna, para a exploração do marketing da maior indústria de tabaco do mundo. Do ponto de vista da saúde pública brasileira, a nossa sorte é que ele não ganha quase nunca. Do contrário, a marca Marlboro teria sido explorada até vomitarmos.
A NET ( TV a cabo brasileira ) e os cigarros Malboro caíram sobre Rubens Barrichelo, como formigas num pote de mel. O Rubinho-lindinho-engraçadinho não aparecia mais sem o bonezinho na cabeça. Quem vocês acham que podiam ser influenciados por ele?
Rubinho, versão 2001, depois da lei federal brasileira, que proíbe a propaganda de cigarros na mídia, seguiu, por um breve tempo como garoto-propaganda da empresa de TV à cabo, porém, mostrando a bela testona, ao invés da marca do cigarro. Foi preciso de uma lei para o bom senso ser utilizado. Curioso, que depois disso, ele logo deixou de ser garoto-propaganda da Net. Na verdade, ele só interessava enquanto tinha o bonezinho com a logo do Marlboro. Sem ele, não tinha mais nenhuma graça.
Para os profissionais de saúde brasileiros, para os ministros da saúde, do meio ambiente e da fazenda brasileiros e para os que precisam enfrentar filas nos centros de saúde e hospitais brsileiros, graças a Deus que quem chega na frente é sempre o alemão. Problema fica para os ministros alemães da saúde, do meio ambiente e da fazenda.
É bom chamar a atenção de vocês, para o fato de que, em algumas pistas européias, os carros de corrida tem que retirar os nomes dos cigarros da lataria, dos macacões dos pilotos e da equipe, assim como dos outdoors espalhados pela pista, uma vez que lá já se conseguiu leis mais severas para evitar a divulgação de algo que, volto a lhes assegurar, é terrível para a saúde. É válido o debate sobre a liberdade de expressão que, estaria em jogo neste momento, porém, me arrisco a dizer que não consigo vislumbrar uma saída ética para este impasse. Há já alguns anos, nas corridas de Fórmula I disputadas na Alemanha as pistas estão livres das marcas. A partir do ano de 1996, no Grande Prêmio da Inglaterra, em Silverstone, também houve a mesma proibição. A França, com o seu circuito de Magny Cours, também tem servido de exemplo para o mundo.
Folha de São Paulo, 13/02/2004
Enquanto isto, como a propaganda tabagista está sendo proibida nas principais pistas da Europa, os espertalhões da indústria do fumo forçam os dirigentes da Fórmula 1 a buscarem novos locais para receberem as provas de automobilismo. Claríssimo está, com a garantia (se danem os seus habitantes e os que assistirem às imagens) de que a publicidade de cigarros seja totalmente liberada sem restrições. O Bahrein construiu um autódromo às pressas e outros estão em vista de surgirem na Índia, nos Emirados Árabes e em Hong Kong.
Podium do Grande Prêmio da França, em Magny Cours, 02/07/2001.
Graças ao discernimento e à lucidez de parlamentares franceses, esta cena, no podium de Magny Cours, França, difundida em jornais de todo o mundo. Em pelo menos em cinco locais diferentes, os macacões e bonés dos pilotos da Ferrari não expuseram a marca do patrocinador, o maior matador de pessoas do planeta...
Podium do Grande Prêmio da Inglaterra, 15/07/2001.
Menos de duas semanas depois, na Inglaterra, a logomarca do patrocinador dos pilotos Ferrari também desapareceu do mapa. Acompanhem as corridas na Malásia, Hungria, Brasil, etc. e vejam o que acontece...
sobre foto da Associated Press (20/jul/2003)
Rubinho foi o vencedor do Grande Prêmio de Silvestone, Inglaterra, de 2003, mas onde está a palavra MARLBORO no macacão do bonitão? Aquela que ele portava no Grande Prêmio do Brasil do mesmo ano, aquele em que o nosso governo editou medida provisória adiando a lei brasileira que proibia publicidade na Fórmula 1 para 2005?
Michael Schumacher usou macacão sem a palavra Marlboro, na penúltima prova do ano de 2003, em Indianápolis, nos Estados Unidos. Nesta prova ele obteve importante resultado que o deixa a apenas 1 ponto de sagrar-se hexacampeão mundial de F1. A marca do cigarro não fez nenhuma falta à sua alegria e a sua vitória sem estampar a logo da Philip Morris deixou de influenciar milhões de jovens pelo mundo todo. Nos EUA, França e Inglaterra, os carros têm de correr sem anunciar o nefasto. Entretanto, nos países menos informados ou mais colonizados, as indústrias de tabaco fazem carinha feia, biquinho, batem os pezinhos no chão e ameaçam colocar os colonizados travessos de castiguinho, escrevendo 100 vezes no quadro negro: ' Titia indústria mandou deixar os anúncios de cigarros nos carrinhos, macacões e capacetes, ou não tem mais brincadeirinha '.
No final da década de 90, o Sr. Max Mosley, presidente da Federação Internacional de Automobilismo (FIA), declarou à imprensa internacional que, se a pressão da União Européia continuasse desta forma (evolui um grande movimento visando impedir a propaganda de cigarros em toda a Europa), como a indústria do cigarro é a maior patrocinadora do circo, ele ameaça transferir todas as provas européias para a Ásia. Um cliente meu que é inglês, me revelou algo que eu desconhecia (que pode não querer dizer nada e pode dizer tudo): o Sr. Mosley é filho de Oswald Mosley, a maior liderança do British Nacionalist Party (Partido Nacionalista Inglês), ou seja, o ramo ingles do partido nazista. Pesquisas realizadas na Europa mostraram uma incidência significativamente maior de adolescentes fumantes entre adeptos da Fórmula I, do que entre os que não acompanham as corridas. Aliás, nada mais óbvio, porque parece estar claro que a indústria de cigarros não aplica tamanha verba publicitária (dizem que são quinhentos milhões de dólares por ano), se este esforço não tivesse um retorno garantido. Não sejamos ingênuos, esta indústria está pouco se lixando para os esportes, ela usa estes palcos apenas para influenciar decisões.
Turkish Press, 21/08/05
Apesar da pressão da indústria do tabaco, via Federação Internacional de Automobilismo, Kimi Raikkonen venceu o GP da Turquia de Fórmula I, em 22/08/05, sem que o seu bólido Mc Laren-Mercedes ostentasse a logo dos Cigarros West. O GP turco é mais um em que não é permitida a propaganda de fumo.
Aliás, o nosso cartunista Kamil Yavuz, que é turco (de Istambul), fez este pequeno cartoon para manifestar a sua opinião sobre o patrocínio das corridas pela indústria do tabaco.
Um dos principais desejos ocultos da humanidade é o poder. Este pode ser representado pela POTÊNCIA e a virilidade. A capacidade de gerar filhos, de engravidar a fêmea, seria uma destas potencialidades. O Doutor em comunicação pela Universidade de São Paulo, Flávio Calazans, autor do livro PROPAGANDA SUBLIMINAR MULTIMÍDIA nos chama a atenção para, no maço de CAMEL, haver a imagem de um dromedário e não de um camelo. Seria absolutamente impossível que os responsáveis pelo desenho do Camel desconhecessem que um camelo tem duas corcovas. Já a imagem utilizada daria a entender uma camela grávida, portanto, sendo uma imagem diretamente direcionada para os nossos inconscientes, fume CAMEL e torne-se potente. Quando lançado, o público-alvo do CAMEL eram homens de 50 anos...
Mensagem para o inconsciente das pessoas
A mesma pergunta, o especialista em comunicação, Flávio Calazans, nos faz: " porquê as letras L e B, do maço de Marlboro, apesar de minúsculas, estarem maiores do que o M, maiúsculo? ". Será que os idealizadores de uma das logomarcas mais famosas do mundo não saberiam escrever? Juntas, as letras L e B evocariam a imagem de um pênis. O falo (pênis) funciona como um símbolo de poder, tal como uma espada.
Por aqui, a marca que mais buscou a identificação com o público jovem foi a Hollywood. Fora dos tempos de crise econômica, sem o "down trading"(opção por marcas mais baratas ou pelas contrabandeadas), era o cigarro mais vendido no Brasil. Para manter esta liderança e penetração entre vocês, emergiu como a grande benfeitora do Rock, patrocinando por longos anos o maior evento nacional regular de Rock, o Hollywood Rock, além de manter um patrocínio semanal na televisão, que também levava o nome de Hollywood Rock. Primeiro a marca prometia o sucesso, depois com a profusão de informações a respeito dos males do fumo, passou a não dizer mais nada. Seus anúncios passaram a ter apenas impacto visual, sem nenhuma mensagem verbal, exceto em músicas, porém, como a maioria não entendia as palavras que estavam sendo cantadas, o que valia mesmo era o ambiente criado. À beleza das imagens, produzidas na maioria das vezes no exterior, associavam-se sempre os esportes. Com uma característica básica: vanguardismos. Quando não se conhecia asa-delta por estas paragens, lindas imagens de vôos de asa-delta, e assim foi com parapentes, jet-skis, grandes corridas de bugres no deserto, windsurf, patins, etc. A poluição visual das cidades brasileiras pela marca Hollywood foi impressionante, principalmente, se levarmos em conta que o que estava sendo anunciado era um produto que causa dependência física e psíquica. Inicialmente, eram outdoors simples. Passou-se, com o avanço tecnológico, a usar-se outdoors iluminados, novamente sem qualquer mensagem escrita, apenas a visual. A marca passou a ser perfeitamente identificada por onde vocês passassem e a qualquer hora do dia e da noite. Era comum chegar-se em um clube ou condomínio e encontrar-se, em todas as barracas que rodeavam as piscinas, a marca Hollywood. Era um marketing agressivo, pesado mesmo, porém, os lucros pareciam justificar os gastos. Na revista Veja, de 17 de Junho de 1998 (ano 31 n0.24), há uma reportagem que exemplifica bem o que acabamos de afirmar: a Souza Cruz (leia-se Hollywood) acabava de produzir a campanha de publicidade mais cara já feita no Brasil, com imagens na geleiras da Antártica, em dunas na Namíbia e, no Grand Canyon, no estado do Arizona (EUA). Até o solitário navegador Amyr Klink foi seduzido pela indústria, participando como orientador da expedição à Antartica. Klink afirmou: " procurei evitar algum desastre ambiental ". Com estas declarações, fica confirmada a idéia de um amigo meu que diz que, na Terra, existem cegos guiando cegos. Alguém diz que procurou evitar um desastre ambiental que poderia ocorrer durante filmagens de um comercial de cigarros, esquecendo-se, talvez, de que aqueles comerciais por ele possibilitados de serem feitos, fazem parte de uma campanha que ajuda a vender algo que, em duas décadas, estará matando 10 milhões de pessoas por ano no mundo. Parece que o Amir Klink gostou mesmo de trabalhar para a indústria fumageira, pois, quem patrocinou sua primeira experiência em 2000, no rally Paris-Dakar, foram os mesmos cigarros Hollywood. Será que ele também foi proteger o deserto de algum problema ambiental ? O marketing que já propôs o SUCESSO para seduzir os futuros fumantes, passou a dizer NO LIMITS, quer dizer, enquanto os movimentos antitabagismo alertam para as doenças e as mortes precoces provocadas pelo tabaco, a campanha do Hollywood queria seduzir vocês, adolescentes, com a idéia falsa de liberdade, de potência e de conquistas sem limites. Em relação ao tabagismo, posso garantir a vocês que há limites. Limites à capacidade respiratória, limites à potência sexual, limites ao tempo de vida, limites ao funcionamento do coração e de outros músculos, limites ao paladar e ao olfato, limites à gravidez, limites à inteligência, em fim, limites é que não faltam em relação ao tabagismo. A dependência provocada pela nicotina, para a maioria dos que entram em contato com a droga é que, infelizmente, costuma não ter limite.